Especismo e a masculinidade performática

Uma Análise Sociocultural
(Tempo de leitura: 2 minutos)

O consumo de carne é um tema que transcende a simples escolha alimentar, envolvendo aspectos culturais, sociais e até mesmo identitários. No contexto da masculinidade, essa relação se torna ainda mais complexa, sendo frequentemente associada a ideais de força, virilidade e poder. O artigo disponível no repositório da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) oferece uma visão aprofundada sobre como a alimentação, em especial o consumo de carne, é entrelaçada com as construções sociais da masculinidade.

Historicamente, a carne tem sido vista como um símbolo de status e virilidade. Em muitas culturas, o ato de consumir carne, especialmente em grandes quantidades, está ligado a uma imagem de força e masculinidade. Essa percepção é reforçada pela representação de homens em publicidade e na mídia, que frequentemente os retratam como consumidores vorazes de carne, associando essa prática a um ideal de masculinidade hegemônica.

Além disso, o consumo de carne pode ser visto como uma forma de reafirmação da identidade masculina em contextos sociais. Em encontros sociais, como churrascos ou festas, o preparo e o consumo de carne muitas vezes tornam-se rituais que solidificam laços entre os homens, servindo como um marcador de pertencimento a um grupo. Essa dinâmica social enfatiza a ideia de que a masculinidade está intrinsecamente ligada ao consumo de carne, enquanto alternativas vegetarianas ou veganas são frequentemente vistas como femininas ou menos viris.

Entretanto, essa relação entre carne e masculinidade está começando a ser questionada, especialmente à luz de discussões sobre saúde, meio ambiente e direitos dos animais. O movimento vegano , desafia as normas tradicionais de masculinidade ao promover uma alimentação que se distancia do consumo de carne. Homens que optam por dietas baseadas em vegetais muitas vezes enfrentam críticas e estigmas, evidenciando a resistência a mudanças em normas de gênero profundamente enraizadas.

A reflexão sobre o consumo de carne no contexto da masculinidade nos leva a considerar como as escolhas alimentares podem ser uma forma de expressão individual e resistência às expectativas sociais. A desconstrução de estereótipos de gênero e a promoção de uma alimentação mais consciente e sustentável podem contribuir para uma nova narrativa sobre masculinidade, que não se baseia mais em padrões de consumo agressivos, mas sim em responsabilidade e respeito por diferentes formas de vida.

Em suma, o consumo de carne é um tema que não pode ser dissociado das construções sociais de masculinidade. À medida que a sociedade evolui e as discussões sobre alimentação se tornam mais inclusivas, é fundamental que repensemos as relações entre gênero e dieta, promovendo uma visão mais ampla e diversificada da masculinidade que respeite a individualidade e a sustentabilidade.

Fonte: https://repositorio.unifesp.br/server/api/core/bitstreams/0006ce4b-8a8d-4454-8eb9-bc00c06d6125/content